Edição: 1
Editora: Companhia das Letras
ISBN: 9788535911626
Ano: 2007
Páginas: 352
Tradutor: Paulo Werneck
Skoob
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Sinopse: Marjane Satrapi tinha apenas 10 anos quando viu-se obrigada a usar o véu islâmico, numa sala de aula só de meninas. Nascida numa família moderna e politizada, em 1979, ela assistiu ao início da revolução que lançou o Irã nas trevas do regime xiita, apenas mais um capítulo nos muitos séculos de opressão dos persas. 25 anos depois, com os olhos da menina que foi e a consciência política à flor da pele da adulta em que transformou-se, Marjane, emocionou leitores de todo o mundo com sua autobiografia nos quadrinhos, que só na França vendeu mais de 400 mil exemplares. Em Persépolis, o popular encontra o épico, o oriente toca o ocidente, o humor infiltra-se no drama, e o Irã parece muito mais próximo do que poderíamos suspeitar.
Mais um livro que entra para meus favoritos graças ao Piquenique Literário. Já contei aqui pra vocês o quanto gosto de participar desses encontros, né? Mas desde o começo do ano que tem mês que participo e tem mês que não, por causa da Beatrice. Agora que ela começou a ir na escolinha duas vezes por semana, estou aproveitando para colocar as leituras em dia e consegui, aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, terminar Persépolis e participar do encontro virtual do Piquenique Literário no dia 28/02.
"Encontramos os mesmos extremistas em todas as religiões."
Confesso que foi uma surpresa o quanto gostei desse livro. Não estou acostumada a ler HQs, ainda mais adultas, e Persépolis me conquistou de todas as maneiras que um livro pode conquistar o leitor.
O enredo é todo autobiográfico: Marjane Satrapi nos conta sobre sua infância, adolescência e vida adulta vivendo em Teerã, no Irã. A história do país não me é totalmente conhecida, sei somente o que vemos na TV e o que li no livro. Marjane nos conta com detalhes muito da história do país e como as guerras prejudicaram o povo.
O tema do Piquenique era sobre xenofobia, mas com Persépolis aprendemos muito mais, nele vemos como as mulheres não tem poder de fala, como a educação politizada desde cedo, cria pessoas pensantes que não seguem uma onda de fanáticos. Marji teve uma família que sempre a incentivou a estudar; seu pai, mãe e avó lhe davam livros sobre política e sobre a historia do país. Tudo o que era proibido pelo governo, Marji tinha em casa. Seus pais lhe deram a oportunidade de pensar por si mesma, de escolher seu futuro. Mas não pense que com a família do lado dela as coisas foram fáceis, pois não foram.
"Naquele dia, aprendi uma coisa fundamental: só podemos ter dó de nós
mesmos quando ainda é possível suportar a infelicidade...
... Quando ultrapassamos esse limite, o único jeito de suportar o
insuportável é rir dele."
Com 14 anos, Marji foi viver sozinha em Viena, na Áustria, lá ela aprendeu a duras penas, como é ruim estar sozinha em um país estranho. Durante 4 anos, Marji viveu de tudo. Quando finalmente, volta para seu país, descobre que estar em sua terra não é muito diferente de estar fora dela: a xenofobia dentro do seu próprio país por vc ter uma visão diferente fez mudanças duras em Marji, que conseguiu seguir em frente graças a sua família.
Eu gostei muito de ver a perspectiva de alguém que viveu vários conflitos e durante o processo de diminuição das liberdades dentro do país. É triste, mas tbm é um alerta, sempre. O fato de ser uma história autobiográfica sobre uma realidade distante que o ocidente costuma desvalorizar é essencial pra humanizar aquele povo. fiquei surpresa de ver que mesmo com a revolução islâmica, a vida das pessoas ali continuava, mesmo que disfarçada, tinha muita gente com valores progressistas, muitas mulheres fortes e livres, mesmo aprisionadas àquela realidade. Isso ajuda a combater a nossa própria xenofobia, pq nos aproxima deles. Quem nunca julgou um mulçumano depois do ataque as Torres Gêmeas? Aqui no Brasil, acredito que não seja tão descarado o preconceito, mas em outros países, nos Estado Unidos por exemplo, a xenofobia é intensa e diária.
"2500 anos de tirania e submissão", como dizia meu pai.
Primeiro, nossos próprios imperadores,
Depois, a invasão Árabe, pelo Oeste,
Em seguida, a invasão Mongol, pelo Leste,
E, por fim, o imperialismo moderno."
Se deixar, eu fico aqui falando e falando sobre esse livro incrível para vocês. Só lendo mesmo pra vocês entenderem o que a autora quer nos passar. Por ser uma HQ, acredito que os sentimentos tenham se intensificado ainda mais. Os desenhos são muito bem feitos e relatam com maestria a vida dessa mulher que conseguiu passar por períodos traumáticos durante sua vida.
Vou colocar alguns quotes aqui pra vocês, mas no meu Instagram - @analivrosdeelite - tem outros que me tocaram pela beleza, intensidade e veracidade.
Leiam, vocês não vão se arrepender.
Sobre a autora:
Marjane Satrapi nasceu em Rasht no Irã em 22 de novembro de 1969. Quando tinha nove anos, testemunha a queda do Xá, o início da Revolução Islâmica e a guerra com Iraque, sofrendo com as grandes transformações de costumes e relações sociais do Irã. Com a ditadura religiosa imposta no Irã, Marjane vai à Viena, onde mora durante quatro anos e depois retorna ao Irã, onde cursa artes plásticas na Universidade de Teerã e retorna à Europa, morando em Paris aonde trabalha como artista plástica. Em 2000 começa a publicar Persepolis, uma série de quatro livros de história em quadrinhos, autobiográficos, narrando desde a sua infância, a história, os costumes, as relações familiares e sociais no Irã no período de 1978 até os anos 90. Além da história de seu país, Marji nos conta a história que muitas crianças e jovens viveram nos anos 80 e 90, com toda a busca por liberdade e os gostos culturais desta época. Devido ao grande sucesso, Persepolis, foi traduzido em vinte línguas e adaptado para o cinema, com a própria Marjane Satrapi na direção com o apoio do francês Vincent Paronnaud. No Brasil, os quatros livros que compõem Persépolis foram pulicados em um único volume pela editora Companhia das Letras.
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