Resenha: Corações Feridos - Louisa Reid

18 janeiro 2015

Edição: 1
Editora: Novo Conceito 
ISBN: 9788581630441
Ano: 2013
Páginas: 256
Tradutor: Thiago Mlaker
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Sinopse: Hephzibah e Rebecca são irmãs gêmeas, mas muito diferentes. Enquanto Hephzi é linda e voluntariosa, Reb sofre da Síndrome de Treacher Collins — que deformou enormemente seu rosto — e é mais cuidadosa. Apesar de suas diferenças, as garotas são como quaisquer irmãs: implicam uma com a outra, mas se amam e se defendem. E também guardam um segredo terrível como só irmãos conseguem guardar. Um segredo que esconde o que acontece quando seu pai, um religioso fanático, tranca a porta de casa. No entanto, quando a ousada Hephzibah começa a vislumbrar a possibilidade de escapar da opressão em que vive, os segredos que rondam sua família cobram-lhe um preço alto: seu trágico fim. E só Rebecca, que esteve o tempo todo ao lado da irmã, sabe a verdadeira causa de sua morte... Hephzi sonhara escapar, mas falhara. Será que Rebecca poderia encontrar, finalmente, a liberdade?
Resenha:
"As histórias que tenho escondidas dento de mim; se você pudesse abrir-me, leria a verdade. Olhe para dentro, retire a pele, a carne e os ossos e encontrará uma biblioteca de sofrimentos... Essas são palavras que eu nunca sussurrei nem mesmo à minha irmã, essas são palavras que não ouso pronunciar em voz alta."
É muito difícil pra mim fazer essa resenha, perto do que Hephzibah e Rebecca passaram, minha vida foi um mar de rosas, mas sofri um tanto quando era mais nova. Só consegui fugir das surras do meu pai quando sai de casa aos 17 anos. Mas mesmo assim, a história dessas duas irmãs me tocou e comoveu. Relembrei algumas partes que eu tento a todo custo esquecer e dei graças a Deus por não ter passado metade do que elas passaram.



Hephzibah e Rebecca são irmãs gêmeas. Rebecca nasceu com uma síndrome que deformou seu rosto, ela é a irmã feia. Hephzi é a irmã linda, todos a adoram. Mas ambas dividem um segredo que ganha força assim que as portas da igreja se fecham. Roderick é o pai dessas meninas, ele também é pastor da igreja, mas o que ele prega lá fora não é seguido dentro de sua casa. Maria, mãe das meninas, também é cúmplice. Nunca interferiu ou ajudou as garotas, ao contrário, sempre as odiou por terem nascido.

Hephzibah e Rebecca dividem uma história única com o leitor, todos seus medos, inseguranças e sonhos são depositados neste livro, mas só uma delas terá a chance de realizar o sonho da liberdade.
"Eram pais como Hephzi e eu tínhamos. Loucos que se vestiam com roupas normais, que sorriam e angariavam dinheiro para a caridade, malucos que ficavam de joelhos para rezar, mas que, tão logo estivessem seguros atrás de portas fechadas, tiravam as máscaras e deixavam o veneno irromper."
Eu demorei muito para ler este livro apesar de suas poucas páginas. Achei o tema pesado, e por muitas vezes, parava em um capítulo para respirar e evitar o choro que por fim, sempre vinha. Um drama familiar emocionante e odioso. Hephzi e Reb são muito diferentes uma da outra - Hephzi gosta de atenção e por ser bonita, chama atenção, Reb prefere ficar no seu canto, brincando de ser invisível. Mas ambas se amam e se protegem, bem, Reb protege mais Hephzi, fiquei boba com o que Reb passou para que sua irmã não sofresse das mesmas coisas.



Depois de muito tempo trancadas na casa paroquial, elas finalmente conseguem a permissão para estudar em uma escola de verdade, isso somente aos 17 anos. Durante toda a infância, os pais as ensinaram dentro de casa. Nunca saíram sozinhas, suas roupas eram de doações, a comida era escassa. Com a ida para escola, elas descobrem um novo mundo, onde existem famílias amorosas, que cuidam e amam seus filhos. Hephzi é a mais afetada, sua vontade de fugir é tão grande que pouco a pouco ela vai se esquecendo de Reb e planejando seu futuro com seu namorado. Reb tem medo pelas duas, faz planos para fugir também, mas lhe falta coragem.

"Eu queria gritar para que eles sumissem, para que a deixassem em paz, talvez empurrá-los ou machucá-los de alguma forma para que soubessem como é ser perseguido. Entretanto, era como se Rebecca não percebesse ou nem mesmo se importasse, e foi por isso que desisti dela, deixei que ela seguisse em frente sozinha. Ela podia aceitar sua Estranholândia do jeito que queria, mas eu não me afundaria com ela."
Sabe quando você lê um livro que te toca, comove e desperta o seu lado protetor? Pois é! Eu queria entrar no livro, pegar Reb no colo e lhe dizer que ficaria tudo bem, que eu iria ajudá-la e cuidar dela. Não gostei muito de Hephzi, achei ela superficial e cheia de mimimi. Por muitas vezes, senti raiva dela também, ainda estou tentando entendê-la. Mas Rebecca me ganhou, seja por seu jeito estudioso, de quem adora ler um livro, ou pelo seu jeito quieto, tentando passar despercebida. Sua simplicidade e o valor que deu as pequenas coisas, me deixaram emocionada e quando Roderick aparecia, minha vontade era de dar umas boas porradas nele e jogar a mãe do telhado da igreja. Outra coisa que me deixou indignada foi a indiferença dos vizinhos. Eles sabiam o que acontecia ali, e nunca fizeram nada para ajudar as meninas. Infelizmente, sabemos que situações parecidas ainda ocorrem, mesmo com tantas leis em vigor no país. Esse livro é um tapa na cara do ser humano que pode fazer mal a uma criança. É um exemplo do que a criança passa, o medo que sente, a insegurança, o desejo de amor e carinho.



Eu adorei o jeito que a autora intercalou a narrativa em primeira pessoa do livro. Rebecca começa a história no "Depois" e Hephzi no "Antes". Vocês entenderão quando lerem. Pela narrativa, conseguimos perceber a diferença entre as duas irmãs e cada uma fala sobre a outra, contam sua história sem repetições, ressaltando algumas histórias do passado e contando o que acontece no presente.

Encontrei alguns erros de revisão, o que não me incomodou, mas me deixou triste, porque é o primeiro livro da Novo Conceito que encontro esses erros. A capa é linda e reflete bem o enredo apresentado. Os capítulos são separados pelos nomes das protagonistas, informando quem será o narrador da vez. A diagramação é simples, com pequenos detalhes de galhos (acho que são galhos) na parte superior das páginas.
"- Será que isso poderia acontecer com a gente? Você acha que um dia ele vai simplesmente sumir?
Balancei a cabeça.
- Ah, Hephzi, se isso acontecesse eu finalmente saberia que Deus nos ama."
Gente, posso ficar aqui o dia inteiro falando sobre esse livro que ainda vai faltar elogios para ele. Então, só posso recomendar e torcer para que a história de Hephzi e Reb encante vocês também!


Avaliação:




Sobre a autora:




Louisa Reid formou-se em Inglês pela Hertford College, em Oxford. Além de escritora, é também professora em Cambridge. Casada, e com duas filhas, ainda assim costuma acordar e dormir pensando em livros.


11 comentários:

  1. DESBRAVADORES DE LIVROS18 de janeiro de 2015 07:23

    Nossa, Ana. Não sabia que você tinha passado por esse processo tão difícil quando era nova. Na verdade, nunca saí de casa e nunca precisei. Meu pai fez a parte dele ao sair (Ah, é Naty aqui).
    Deve ter sido realmente muito emocionante para você lidar com uma obra tão carregada de sentimentos.
    Confesso que eu já tinha visto várias vezes esse livro, mas nunca tinha parado para analisar o contexto da obra sob esse seu aspecto.
    Confesso que adorei e vou querer ler, claro.

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  2. Uau, Ana, imagino como tenha sido seu sofrimento!
    Esse livro parece ser bem forte mesmo, não sei se estou preparada para ele.
    A Rebecca imagino que tenha a mesma síndrome no rosto que o August, de Extraordinário tem.
    Resenha excelente! Um abraço!

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  3. Nossa! Parece ser um livro fortíssimo! Que resenha incrível! Esse eu gostaria de ler! E apesar do "impacto" inicial, creio que de uma certa forma é também muito emocionante...

    Beijos
    albumdeleitura.blogspot.com.br

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  4. O livro me parece ser muito denso mesmo e, justamente por isso, acho que não é para mim. Até leio algo com uma carga dramática um pouco mais pesada, mas quando a parada é mais forte como essa, dou uma fugida, pois fico me sentindo mal depois. Só em ler essa resenha, fiquei com ódio mortal dos pais dessas duas garotas. Enfim, nesse momento não o leria.

    @_Dom_Dom

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  5. Eu realmente acho o tema desse livro bastante pesado, mas, por incrível que pareça, a leitura me atrai. Penso que esse assunto precisa ser mais abordado, para abrir os nossos olhos para uma coisa que acontece nos nossos dias. A sinopse é bastante atraente, e eu gosto de histórias comoventes, que nos fazem rever nossos conceitos. Estou ansiosa pra ler o livro, e preparada para muitas emoções.

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  6. A leitura desse livro parece ser incrível!
    Livros como esse fazem a leitura realmente valer a pena, mostram que, apesar de toda as leis e direitos humanos, ainda existem pessoas que sofrem ao nosso redor, dentro de suas próprias casa. Deve ser horrível não ter o amor dos pais, que, supostamente, deveriam ser as pessoas nas quais você deveria mais confiar. Gosto muito de livros com temas pesados, que me despertem sentimentos profundos, sendo eles de alegria ou tristeza.
    Espero ler o livro quando possível.
    Beijos!

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  7. Oi, Ana.

    Sempre vários elogios que leio a respeito desse livro e estou ficando bem tentada a conhecer essas irmãs. Gosto muito de histórias que me emocionam e pelo que você disse esse livro consegue esse feito. Duas irmãs e bem diferentes, uma narração com antes e depois. Acho que esse deve ser um excelente livro.

    Beijos.
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  8. Oi, tudo bom?
    Adorei a resenha, irei ler o livro em breve eu tenho ele, mas ainda não tinha dado uma chance a ele, então o coloquei na minha maratona heheheh, espero gostar, o livro pelo visto é bem profundo.
    Beijos *-*

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  9. Emocionante esse livro, Ana. E mais ainda o seu relato por saber que existe semelhança.
    Vou querer ler o livro. Confesso que o julguei pela capa

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  10. Nathalia Simião22 de janeiro de 2015 19:46

    Poxa Ana, que barra você passou :/ Não deve ter sido fácil ler o livro lembrando dessas coisas, mas pelo jeito você superou né e que bom por isso. O livro apesar de forte parece ser muito bom e eu com certeza gostaria de lê-lo.

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  11. Vitória Pantielly30 de janeiro de 2015 17:16

    Oi Ana :}

    Sempre tive uma vida muito boa, e nunca passei por nenhum tipo de agressão dos meus pais (fora os tapinhas merecidos), mas entendo como é ler um livro que tras a tona tudo aquilo que tentamos esquecer..
    Confesso que ao me deparar com ele pela primeira vez eu não dei muito bola, e fiquei super impressionada depois de terminar a resenha.. Livros assim são um problema pra mim, porque tenho certeza que vou me envolver demais com os sentimentos das duas irmãs, principalmente com suas dores! Ganhei ele em um sorteio, assim que chegar vou tentar dar inicio a leitura, e estou torcendo por um final feliz!
    Bjs

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